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Oncologista não descarta suspensão nos tratamentos de câncer pelo SUS em Arapiraca

24/06/2015

A médica oncologista Berta Mendes, responsável técnica pelo setor de Oncologia do Complexo Hospitalar Manoel André (CHAMA), fez um alerta preocupante na manhã desta segunda-feira (23), ao informar que o tratamento aos pacientes com câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS) poderá ser suspenso em Arapiraca a qualquer momento por falta de recursos.

Declaração semelhante foi dada há duas semanas pelo secretário de Saúde do Município, Ubiratan Pedrosa, durante uma reunião com gestores da 2ª macrorregião de Saúde. Dias depois, após reunião com a prefeita Célia Rocha e representantes do Governo do Estado, o secretário voltou atrás e garantiu que os serviços de quimio e radioterapia serão mantidos em Arapiraca.

De acordo com a oncologista, o aporte financeiro repassado pelo SUS para o município de Arapiraca é de apenas R$ 300 mil, valor baseado num estudo realizado há cerca de dez anos pelo Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Metade deste valor [R$ 152 mil] é repassado para o Hospital Chama e o restante para o outro fornecedor dos serviços de quimio e radioterapia em Arapiraca.

“Esses recursos estão defasados, uma vez que naquela época havia uma grande subnotificação de casos da doença. Hoje, com a melhoria nos serviços da atenção básica, a exemplo da implantação do Programa Mais Médicos, foram registrados novos diagnósticos e, consequentemente, a necessidade de um valor maior para o tratamento”, afirmou a médica.

Até o mês de agosto do ano passado, a Prefeitura de Arapiraca vinha cobrindo a diferença entre o valor repassado e o real valor gasto com o tratamento. Devido a crise financeira, o pagamento deste aditivo foi cortado pela Prefeitura, o que provocou um déficit mensal em torno dos R$ 100 mil somente nas contas do setor de oncologia do Hospital Chama.

O custo do tratamento de cada paciente oncológico gira em média dos R$ 3 mil por mês. Cerca de 400 pessoas estão, atualmente, em tratamento oncológico no Hospital Chama. “Se mensalmente estamos trabalhando com um déficit de R$ 100 mil, teríamos que eliminar 33 pacientes do tratamento e isso seria algo desumano, uma vez que todos eles lutam contra uma doença grave”, disse a médica.

Como forma de medida paliativa, o Governo do Estado, em parceria com a Prefeitura de Arapiraca, pactuaram uma ajuda financeira na ordem de R$ 200 mil mensais para o setor de oncologia de Arapiraca, mas, de acordo com a médica, o Hospital ainda deverá trabalhar com um déficit mensal, sem contar o acumulado dos últimos seis meses.

A médica voltou a afirmar que é necessária uma medida urgente por parte do governo federal no sentido de promover uma revisão na pactuação do envio de recursos aos municípios. “A presidente Dilma teve câncer, assim como o ex-presidente Lula. Eles devem, ou deveriam entender, o quanto é importante o tratamento precoce para a cura da doença”, desabafou Berta Mendes.

Em Arapiraca, além do Hospital Chama, o outro serviço habilitado para o tratamento do câncer pelo SUS é o Hospital Afra Barbosa.